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Mostrando postagens de janeiro, 2022

COMO OS CAMPOS Marina Colasanti

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                                                                                            https://br.depositphotos.com/ Preparavam-se aqueles jovens estudiosos para a vida adulta, acompanhando um sábio e ouvindo seus ensinamentos. Porém, como fizesse cada dia mais frio com o adiantar-se do outono, dele se aproximaram e perguntaram:  —  Senhor, como devemos vestir-nos?  —  Vistam-se como os campos - respondeu o sábio. Os jovens então subiram a uma colina e durante dias olharam para os campos. Depois dirigiram-se à cidade, onde compraram tecidos de muitas cores e fios de muitas fibras. Levando cestas carregadas, voltaram para junto do sábio.  Sob seu olhar abriram os rolos das sedas, desdobraram as peças de damasco, e cortaram quadrados de veludo, e os emendaram com retângulos de cetim. Aos poucos foram recriando em longas vestes os campos arados, o vivo verde dos campos em primavera, o pintalgado da germinação. E entremearam fios de ouro no amarelo dos trigais, fios de prata

VILAREJO Marisa Monte, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes e Pedro Baby

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                                  youtube.com   Há um vilarejo ali Onde areja um vento bom Na varanda, quem descansa Vê o horizonte deitar no chão Pra acalmar o coração Lá o mundo tem razão Terra de heróis, lares de mãe Paraíso se mudou para lá Por cima das casas, cal Frutas em qualquer quintal Peitos fartos, filhos fortes Sonhos semeando o mundo real Toda gente cabe lá Palestina, Shangri-lá Vem andar e voa Vem andar e voa Vem andar e voa Lá o tempo espera Lá é primavera Portas e janelas Ficam sempre abertas Pra sorte entrar Em todas as mesas, pão Flores enfeitando Os caminhos, os vestidos Os destinos e essa canção Tem um verdadeiro amor Para quando você for 1) O ambiente retratado no texto apresenta-se como um lugar: a) inóspito e tedioso, no qual seus habitantes precisam ser heróis para sobreviver. b) misterioso e belo onde o eu lírico passou a maior parte de sua infância. c) idealizado e maravilhoso onde felicidade e harmonia são vivenciadas

AS CATEDRAIS DO CONSUMO Carlos Eduardo Novaes

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  https://diariodorio.com/seus-direitos-na-prateleira-do-supermercado/             É difícil fugir ao irresistível apelo dos supermercados. É nele que o homem satisfaz a todas as necessidades de consumidor. A primeira intenção de quem entra num supermercado é comprar tudo.   Um conhecido meu, consumidor consagrado, já confessou que seu maior desejo é poder se atirar sobre as prateleiras, abrir pacotes, latas e caixas de biscoitos, queijo, compotas, doces e ficar ali esparramado, comendo até sair pelos ouvidos.             Os proprietários têm consciência dessa compulsão e arrumam suas mercadorias de forma a poder deixar o consumidor como eles, proprietários, quando chegaram ao Brasil, ou seja, de tanga. Curiosamente, a alimentação deixou de ser uma simples necessidade para tornar-se um complicado sistema de “marketing” e pesquisa. Hoje, a gente nem sempre compra o que quer. Compra-se o que eles querem vender. Vocês sabem, por exemplo, por que o açúcar é colocado no fundo dos supermer

O amor nos tira o sono Lya Luft

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  https://www.cultcarioca.com.br/2011/09/lya-luft-as-vezes-e-preciso-recolher.html   ... O amor nos tira o sono, nos   tira do   sério, tira o   tapete debaixo dos   nossos pés, faz   com que   nos defrontemos com medos e   fraquezas   aparentemente   superados, mas   também com insuspeita audácia e generosidade.   E   como   habitualmente   tem   um   fim - que é   dor – complica   a   vida. Por outro   lado, é   um maravilhoso ladrão da nossa arrogância.           Quem nos quiser amar agora terá   de vir com calma, terá   de   vir com jeito. Somos um território mais difícil de invadir, porque levantamos muros, inseguros de nossas forças disfarçamos a fragilidade com altas torres e ares imponentes.           A    maturidade   me   permite olhar com menos ilusões, aceitar   com menos sofrimento, entender com mais tranquilidade, querer com mais doçura.           Às vezes é preciso recolher-se. 1) Na última oração do texto, o eu lírico expressa: a) um fato. b) uma opinião. c)

A rosa de Hiroshima Vinicius de Moraes

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  https://br.pinterest.com/pin/699324648362338121/   Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada   1) Em “Pensem nas crianças...”, o modo imperativo foi empregado para a) lembrar os adultos de que crianças também são vítimas da bomba atômica. b) provocar nas pessoas uma reflexão sobre as atrocidades causadas pela bomba atômica. c) registrar sua postura de inconformismo diante do ser humano. d) condenar o ataque alemão ao Japão. e) mostrar que o ser humano está alheio ao conflito entre as potências mundiais.     B RESPOSTA 2) O poema de Vinicius de Moraes fala das gerações afetadas pela guerra e pelo rastro de sofrimento e desespero deixado nas gerações posteriores. A alternativa