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Mostrando postagens de outubro, 2021

NEGÓCIOS DA CHINA J.B. Mello e Sousa

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                                                         www.significados.com.br Queres saber, caro amigo, como é a escrita chinesa? Pois vamos ver se consigo ensinar-te essa beleza... (De ciência é antiga mina esse negócio...Da China!) Isto aqui quer dizer homem, pisando firme e altaneiro... Mas, se assim representamos, quer dizer prisioneiro. ( Pobre dele! quem diria ? Talvez espere a anistia...)                                       prisioneiro                                                                   homem                 Aqui tens agora teto. Eis de um porco a indicação. Mas, se os signos combinamos, fica escrito habitação. (De onde se pode afirmar: faz parte o bicho do lar...)                                                                       teto                                                               porco                                                                           habitação Eis mulher na escrita china. Sobre o teto po

UMA IDEIA TODA AZUL Marina Colasanti

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                                                                                                                                                                                                                https://www.amazon.com.br/                          Um dia o Rei teve uma ideia.            Era a primeira da vida toda, e tão maravilhado ficou com aquela ideia azul, que não quis saber de contar aos ministros. Desceu com ela para o jardim, correu com ela nos gramados, brincou com ela de esconder entre outros pensamentos, encontrando-a sempre com igual alegria, linda ideia dele toda  azul.           Brincaram até o Rei adormecer encostado numa árvore.           Foi acordar tateando a coroa e procurando a ideia, para perceber o perigo. Sozinha no seu sono, solta e tão bonita, a ideia poderia ter chamado a atenção de alguém. Bastaria esse alguém pegá-la e levar. É tão fácil roubar uma ideia. Quem jamais saberia que já tinha dono?           Com a ideia escondida debaixo do manto, o

IMAGEM DO DESERTO Ledo Ivo

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                                                                                              http://cottidianos.blogspot.com/ Aqui não há mais pássaros. Todos foram embora, em busca de novas florestas para reconstruir seus ninhos. Aqui não há mais chuvas. Na terra gretada a fome avança como um arado enferrujado. No leito do rio seco os seixos resplandecem entre cobras sonolentas. E dos caibros dos galpões pendem pucumãs.   Aqui não há mais pássaros nem peixes. Os defuntos são enterrados sem flores. E nossos corações também secaram. Não temos mais amor. Ao anoitecer nossas sombras deixam de rastejar no chão duro que cega as enxadas e olhamos com rancor o céu estrelado. Mas fomos nós que derrubamos as florestas e secamos o rio. Este deserto já foi nosso reino.   1) Transcreva o   verso que transmite a ideia de que as pedras brilham no curso seco que o rio percorre. 2) No verso “Na terra gretada a fome avança”, que vocábulo pode substituir

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO Carlos Drummond de Andrade

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                                                                                                                                         https://www.daaula.net/2015/11 Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo

SONETO Luís de Camões

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                                                                                                      www.youtube.com Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer; é um andar solitário entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é um cuidar que ganha em se perder. É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata, lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor?   1) O autor faz uso recorrente de antíteses com o objetivo de: a) revelar, por meio da oposição de palavras, a desventura do amor. b) enumerar as angústias de quem está apaixonado. c) explicar o complexo conceito de amor. d) deleitar o leitor. e) desvendar o sentimento dos apaixonados. 2) O poeta discorre sobre o tema baseado em afirmações até chegar a uma conclusão. Que conclusão é ess