Cada um é cada um

 


           

              
         Cada um é cada um, diz a sabedoria popular. E, ouvindo diferentes pessoas contarem o mesmo gol, chega-se à conclusão de que essa é uma verdade inquestionável, uma lei irrefutável.
       Alguns falam rapidamente, outros são lentos, alguns têm um vocabulário rebuscado, outros inventam gírias, uns capricham nos erres, outros deslizam nos esses, uns são fanhos, outros são gagos etc. E cada um conta o gol que viu de um jeito particular, único.
          Quereis exemplos que comprovem tal tese, desconfiado leitor e descrente leitora? Pois dar-vos-ei. Tomemos então, para fins de comprovação, o segundo gol do Paysandu contra o Palmeiras:
      O narrador objetivo falaria: "Aos 23 min do segundo tempo, Luís Fernando cruzou para Trindade, que cabeceou a bola e fez 2 a 1".
          O econômico diria: "Luís. Cruzamento. Trindade. Cabeça.   Bola. Redes. Gol".
       O interrogativo: "E não é que o Paysandu ganhou, mesmo depois de estar perdendo? Quando aconteceu a virada? No meio do segundo tempo, você acredita? Quem fez o cruzamento? O Luís Fernando. Para quem? Para o Trindade, sabe aquele que entrou no fim do primeiro tempo? E o que o Trindade fez? Cabeceou para o gol. Assim o Paysandu está na final contra o Cruzeiro e a dois jogos de disputar a Libertadores da América, não é demais?".
            ...
       O matemático: "Aos 23min e 12s do tempo segundo, o atleta de número 6 fez um cruzamento parabólico a cinco passos da linha lateral, pondo o círculo na cabeça do atleta de camisa 16, sendo que E, fazendo-a alojar-se no canto baixo do delta, a 12 centímetros da mão esquerda do palmeirense de camisa número 1.
      O rabugento: "Depois de várias tentativas fracassadas, o Luís Fernando finalmente acertou um cruzamento, fazendo a bola, sabe Deus como, chegar à cabeça do Trindade, que, enfim, estava onde devia estar. Contando com a ajuda de zagueiros palmeirenses, uns cabeças-de-bagre, ele subiu e desviou a bola sem muita força, mas o goleiro, mal colocado, não conseguiu defender".
        ...
       Ou seja, cada um é cada um, e cada gol é muitos.


                              Folha de São Paulo. “Esporte”, 30/07/2002. d. 3.


(EF07LP06) 1) O motivo da acentuação da forma verbal têm em “alguns têm um vocabulário rebuscado” é : 

a) a referência aos gols narrados. 
b) a referência ao adjetivo lentos. 
c) a concordância com o pronome alguns. 
d) a concordância com a forma verbal falam. 
e) a concordância com o substantivo vocabulário.

   

 (EF07LP07) 2) A estrutura frasal sujeito+ predicado nominal como em “Cada um é cada um” também ocorre em: 

a) ...outros são lentos. 
b) ...outros inventam gírias. 
c) ...uns capricham nos erres. 
d) ...alguns falam rapidamente. 
e) ...alguns têm um vocabulário rebuscado.

   

 (EF67LP34) 3) Assinale o verbete em que ocorre um prefixo com valor de negação. 

a) inventam 
b) irrefutável 
c) rebuscado 
d) parabólico 
e) rapidamente

   

 (EF07LP13) 4) Em “...este solucionou o problema desviando a esfera a 45 de sua posição referencial...”, o verbete destacado tem o sentido de: 

a) bola 
b) rede 
c) luva 
d) cabeça 
e) chuteira

   

 (EF67LP05) 5) Esse texto pode ser considerado um artigo de opinião pois: 

a) reflete um posicionamento da sociedade. 
b) expõe dados comportamentais dos narradores. 
c) evidencia o ponto de vista do autor com argumentos. 
d) cita os elementos contextualizados com o tema apresentado. 
e) incita o leitor a se posicionar em conformidade com a opinião alheia.

   

(EF89LP04) 6) A tese defendida pelo autor é:


a) todo profissional reproduz um protocolo de sua categoria. 
b) cada indivíduo é um ser sem igual em relação aos demais, único. 
c) todo profissional deve se alinhar aos preceitos de sua profissão. 
d) cada profissional é obrigado a se adequar às regras de sua função. 
e) cada pessoa se manifesta como define o protocolo de sua profissão.

   

 (EF69LP44) 7) O período “Ou seja, cada um é cada um, e cada gol é muitos.”: 

 a) retifica a tese do autor. 
b) ratifica a tese do autor. 
c) notabiliza a tese do autor. 
d) vilipendia a tese do autor. 
e) contradiz a tese do autor.

 

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