DISPARADA Geraldo Vandré e Théo de Barros

 

 

 

 

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Prepare o seu coração
Pras coisas que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
E a morte, o destino, tudo
Estava fora do lugar
E eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi, mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme, braço forte
Muito gado e muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
Que boiadeiro, era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente lugar-tenente
De dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse o que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer mais longe que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme, braço forte
De um reino que não tem rei

 

1) O sentimento que melhor define o estado de espírito do eu lírico na sua atuação como lugar-tenente, isto é, como substituto temporário de seu superior é:

a) esperança.
b) saudade.
c) vingança.
d) penitência.
e) euforia.


 

2) Em “Aprendi a dizer não”, essa autocrítica revela que o boiadeiro aprendera a ser:

a) insincero.

b) sanguinário.
c) insensível.
d) bondoso.
e) emotivo.


 

3) A princípio, o vaqueiro não atentou para a monstruosidade de certas ordens do patrão porque:


a) aprendera a dizer não.
b) um bom vaqueiro não discute ordens recebidas.
c) orgulhoso da nova condição, não sabia distinguir o certo do errado.
d) via a morte sem chorar.
e) o patrão era justo e sabia o que estava fazendo.


4) No excerto “Na boiada  já fui boi/ Boiadeiro já fui rei./ Agora sou cavaleiro”, os vocábulos boi, rei e cavaleiro representam, na vida do vaqueiro:

a) uma evolução e depois uma involução.

b) uma evolução e uma libertação.
c) uma involução e uma libertação.
d) uma constante involução.
e) uma libertação e uma involução.



5) Em “Laço firme, braço forte...” , pela ordem, temos:

a) causa e efeito.

b) condição e fim.
c) causa e fim.
d) efeito e fim.
e) consequência e causa.


 

6) Os versos que sintetizam as atividades pecuárias são:

a) “Porque gado a gente marca/ Tange, ferra, engorda e mata”

b) “Laço firme, braço forte/ Muito gado e muita gente”
c) “ Na boiada já fui boi/ Boiadeiro já fui rei”
d) “ Do dono de uma boiada/ Cujo vaqueiro morreu”
e) “ Mas o mundo foi rodando/ Nas patas do meu cavalo”

 

7) O verso “ As visões se clareando” revela:

a) o final da conscientização.

b) a libertação total.
c) a circunstância imutável.
d) o início da conscientização.
e) o descobrimento de novos lugares.


 

8) Escrito na década de 60, o texto retrata:

a) o cotidiano de um retirante nortista.
b) o movimento migratório do brasileiro.
c) a realidade da vida do sertanejo e suas dificuldades.
d) o cativeiro imaginário do boiadeiro.
e) a pacata vida do sertanejo.


 

9) Os versos  “ Na boiada já fui boi, mas um dia me montei” evidenciam :

a) a assunção da posição de dominador pelo eu lírico.

b) a revelação do reino do eu lírico.
c) a fuga do eu lírico da vida sertaneja.
d) a identificação do eu lírico com o sertanejo.
e) a tomada de consciência , pelo eu lírico, de sua condição de comandado.


 

10) A metáfora  boi e boiadeiro pode ser associada a :

a) relações afetivas.

b) ambiente bucólico e citadino.
c) sociedade rural e urbana.
d) etnias.
e) desigualdade social.


 

11) O excerto “ Porque gado a gente marca/ Tange, ferra, engorda e mata/ Mas com gente é diferente”, pode ser considerado uma:

a) transgressão.
b) denúncia.
c) constatação.
d) falácia.
e) autocomiseração.

 

12) O verso que aponta o repúdio, pelo eu lírico, de uma vida de atitudes injustas é:

a) “ E posso não lhe agradar”

b) “ Na boiada já fui boi”
c) “... Estava fora do lugar”
d) “Até que um dia acordei”
e) “Mas um dia me montei”

 

13) O tema do texto é:

a) exposição da mão de obra sertaneja pelo latifúndio.

b) revelações místicas de um vaqueiro.
c) conquista de um reino pelo vaqueiro.
d) libertação do eu lírico ao assumir o próprio reino.
e) formação da identidade sertaneja.

 



14) O verso “ Tange, ferra, engorda e mata” sinaliza uma:

a) ironia.
b) hipérbole.
c) gradação.
d) alusão.
e) comparação.

 

15)  A repetição do verso “Eu venho lá do sertão” é proposital e sinaliza:

a) a identificação da origem sertaneja.

b) a identidade de um povo heterogêneo que busca uma vida melhor.
c) a ênfase no lugar de onde vem o sertanejo, que o prepara para as dificuldades.
d) a trajetória infrutífera de um povo alienado.
e) a simbologia de um lugar representativo de uma região brasileira.


 

16) Em “ E a morte, o destino, tudo estava fora do lugar”, embora haja uma enunciação de elementos, o verbo está no singular justificado pela:

a) anunciação de termos que serão expostos na sequência.

b) proposição de convergência dos termos morte, destino, tudo.
c) incorreção do uso do singular para destacar o que se encontrava fora de lugar.
d) fusão dos termos anteriores na mesma ação.
e) condensação do que já fora escrito anteriormente: a morte, o destino


 

17) Identifica-se marca de oralidade nos seguintes versos:

a) “Do dono de uma boiada/ Cujo vaqueiro morreu”

b) “Prepare o seu coração/ Pras coisas que eu vou contar”
c) “ Se você não concordar/ Não posso me desculpar”
d) “Muito gado e muita gente/ Pela vida segurei”
e) “ Seguia como num sonho/ Que boiadeiro, era um rei”

 

18)  O verso “Na boiada já fui boi, mas um dia me montei” expressa uma relação de:

a) complementação

b) suposição
c) oposição
d) finalidade
e) casualidade



Referência: Português Interpretação – Terceiro Volume – Silva, Antonio Jesus; Rosa, José Ricardo Silva; Leite, Roberto Augusto Soares


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