O CORAÇÃO DO BAOBÁ Conto africano
https://m.facebook.com/notaterapia/photos/o-maior-baob%C3%A1-a-%C3%A1rvore-da-vida-de-todos-os-tempos-o-baob%C3%A1-mais-conhecido-como-a-/3849807508387744/
No
coração da África, havia uma extensa planície. E no centro dessa planície,
erguia-se uma alta e frondosa árvore. Era o baobá.
Um
dia, embaixo do sol escaldante do meio-dia africano, corria pela planície um
coelho, que, cansado, quando viu o baobá, correu a abrigar-se à sua sombra. E
ali, protegido pela árvore, ele se sentiu tão bem, tão reconfortado, que
olhando para cima não pôde deixar de dizer:
- Que sombra acolhedora e amiga você
tem, baobá! Muito obrigado!
O
baobá, que não costumava receber palavras de agradecimento – como muitos de nós
também não recebemos - ficou tão reconhecido, que fez balançar os seus galhos e
tremular suas folhinhas, como numa dança de alegria.
O
coelho, percebendo a reação da árvore, quis aproveitar-se um pouquinho da
situação e disse assim:
-
É, realmente sua sombra é muito boa.... Mas e esses seus frutos que eu estou
vendo lá em cima? Não me parecem assim grande coisa...
O
baobá, picado no seu amor-próprio, caiu na armadilha. E soltou, lá de cima de
seus galhos, um belo e redondo fruto, que rolou pelo capim, perto do coelho.
Este,
mais do que depressa, farejou o fruto e o devorou, pois ele era delicioso.
Saciado, voltou para a sombra da árvore, agradecendo:
-
Bem, sua sombra é muito boa, seu fruto também é da melhor qualidade. Mas... e o
seu coração, baobá? Será ele doce como seu fruto ou duro e seco como sua casca?
O
baobá, ouvindo aquilo, deixou-se invadir por uma emoção que há muito tempo não
sentia. Mostrar o seu coração? Ah... Como ele queria... Mas era tão difícil...
Por outro lado, o coelhinho havia se mostrado tão terno, tão amigo... E assim,
hesitante, o baobá foi lentamente abrindo o seu tronco. Foi abrindo, abrindo,
até formar uma fenda, por onde o coelho pôde ver, extasiado, um tesouro de
moedas, pedras e joias preciosas, um tesouro magnífico, que o baobá ofereceu a
seu amigo.
Maravilhado,
o coelho pegou algumas joias e saiu agradecendo:
-
Muito obrigado, bela árvore! Jamais vou te esquecer!
E
chegando à sua casa, encontrou sua esposa, a coelha, a quem presenteou com as
joias. A coelha, mais do que depressa, enfeitou-se toda com anéis, colares e
braceletes e saiu para se exibir para suas amigas.
A
primeira que ela encontrou foi a hiena, que, assaltada pela inveja, quis logo
saber onde ela havia conseguido joias tão faiscantes.
A
coelha lhe disse que nada sabia, mas que fosse falar com seu marido.
A
hiena não perdeu tempo: foi ter com o coelho, que lhe contou o que havia acontecido.
No
dia seguinte, exatamente ao meio-dia, corria a hiena pela planície e repetia
passo a passo tudo o que o coelho lhe havia contado.
Foi
deitar-se à sombra do baobá, elogiou-lhe a sombra, pediu-lhe um fruto,
elogiou-lhe o fruto e finalmente pediu para ver-lhe o coração.
O
baobá, a quem o coelho na véspera havia tornado mais confiante e mais generoso,
dessa vez nem hesitou. Foi abrindo o seu tronco, foi abrindo, bem devagarinho,
saboreando cada minutinho de entrega.
Mas a hiena, impaciente, pulou com
suas garras no tronco do baobá, gritando:
-
Abra logo esse coração, eu não aguento esperar! Ande! Eu quero todo esse
tesouro para mim, eu quero tudo, entendeu?
O
baobá, apavorado, fechou imediatamente o seu tronco, deixando a hiena de fora a
uivar desesperada, sem conseguir pegar nenhuma joia.
E
por mais que ela arranhasse a árvore, ela nada conseguiu.
A
partir desse dia é que a hiena ganhou o costume de vasculhar as entranhas dos
animais mortos, pensando encontrar ali algum tesouro. Mal sabe ela que esse
tesouro só existe enquanto o coração é vivo e bate forte.
Quanto
ao baobá, nunca mais ele se abriu.
Comentários
Postar um comentário