SEGURA A ONÇA QUE EU SOU CAÇADOR DE PREÁ - José Cândido de Carvalho

 


        Não passava de um modesto caçador de preá. Era Bentinho Alves, dos Alves de Arió do Pará. Em dia de semana gastava os olhos no pilulador da Farmácia Brito. Em tempo de feriado consumia as vistas no rasto das preás. Até que resolveu caçar bicho de maior escama:

            _ Comigo agora é na onça! Ou mais que onça! Na tal da pantera negra.

            Foi quando deu em Arió do Pará um doutor de erva aparelhado para fazer os maiores serviços de mato adentro. Mediante uns trocados, o curandeiro botava macaco para desgostar de banana e tamanduá correr com perna de coelho. Bentinho, exagerado, mandou que o especial em erva preparasse simpatia capaz de fazer morrer na pólvora de sua espingarda as caças mais grossas, coisa assim no montante de uma capivara de banhado ou uma onça das mais pintadas. E no ardume do entusiasmo:

            _ Ou mais! É aparecer e morrer.

            O curandeiro tirou uma baforada do covil dos peitos e mandou que Bentinho largasse no rodapé do arvoredo mais galhoso uma figa de guiné de sociedade com fumo de rolo e pó de unha de tatu. Bentinho não fez outra coisa.E montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz de botica entrava no mato. E bem não tinha dado meia dúzia de passos já o trabalho do curandeiro fazia efeito na forma de uma onçona de três metros de barriga por quatro de raiva. Bentinho, diante daquela montanha de carne e pelo, largou a espingarda para subir de lagartixa pelo primeiro pé de pau que encontrou na alça de mira. E, enquanto subia, Bentinho falava para Bentinho:

            - Curandeiro exagerado! Isso não é onça para aprendiz de farmácia. Isso é onça para doutor formado. Ou mais!

            E voltou para sua caça miúda de preá.

                                                                                         Carvalho, José Cândido de. Os mágicos municipais.

                                                                                                                    Rio de Janeiro, José Olympio,1984 p.24-5

 

1)Observe o que em “SEGURA A ONÇA QUE EU SOU CAÇADOR DE PREÁ.  Ele tem valor:

a) explicativo
b) causal
c) consecutivo
d) conclusivo
e) conformativo

2) “Não passava de um modesto caçador de preá.” Essa passagem do texto revela:

a) confronto
b) inferência
c) opinião
d) conclusão
e) argumento

3) Sabendo que pilulador é um instrumento que serve para dividir a massa pilular em pílulas, pode-se inferir que Bentinho:

a) pesquisava componentes medicinais que pudessem ser utilizados na caça de animais.

b) gastava seu tempo livre observando o trabalho do farmacêutico
c) morava em frente a uma farmácia.
d) trabalhava numa farmácia.
e) usava um pilulador como arma de caça.

 4) “Comigo agora é na onça! Ou mais que onça! Na tal da pantera negra.” Nesse excerto, há uma:

a) antítese
b) gradação
c) personificação
d) repetição
e) polissemia

5)Em “onça das mais pintadas”, mais pintadas   significa:

a) muito pintada.
b) muito feroz.
c) pintada a ponto de ser confundida com uma pantera.
d) muito esguia.
e) com pintas que parecem escamas.

 6) No texto, curandeiro também é nomeado como:

a) boticário
b) farmacêutico
c) médico
d) aprendiz de farmácia
e) doutor de erva

7) O item que apresenta palavras do mesmo campo semântico:

a) pilulador – botica
b) covil dos peitos – arvoredo galhoso
c) feriado – escama
d) figa de guiné – preá
e) pólvora- Arió do Pará

8) “- Curandeiro exagerado! Isso não é onça para aprendiz de farmácia. Isso é onça para doutor formado. Ou mais!” Essa passagem do texto sintetiza que o sentimento de Bentinho em relação ao curandeiro era de:

a) desconfiança
b) credulidade
c) incerteza
d) suspeição
e) desalento

9) As expressões “bicho de maior escama” e “caça miúda de preá”,presentes no início e no fim do texto, denotam :

a) paralelismo
b) consequência
c) finalidade
d) oposição
e) alternância

10) “E no ardume do entusiasmo”. Ardume, substantivo que significa algo que arde, assume no texto o sentido de:

a) picante
b) sarcasmo
c) malícia
d) ocaso
e) auge

11)” ... que encontrou na alça de mira”. O pronome que refere-se a(o):

a) Bentinho
b) pé de pau
c) curandeiro
d) espingarda
e) onçona

 12) Em que passagem, identifica-se o clímax do texto?

a) chegada do curandeiro à cidade.
b) decisão de Bentinho de caçar animal de grande porte.
c) aparecimento da onçona.
d) crença de Bentinho em simpatias.
e) entrada de Bentinho no mato.

13) Assinale a alternativa que explica a analogia entre covil dos peitos e pulmões.


a) covil significa cavidade ,local onde os pulmões se localizam.
b) pulmões são cavidades que ficam próximas aos peitos.
c) covil é uma espécie de esconderijo, tal como os pulmões que se escondem atrás do coração.
d) pulmões têm o formato de uma fossa, sinônimo de covil.
e) pulmões e peitos têm formato semelhante.

14) “Bentinho, exagerado, mandou que o especial em erva...” Em que momento do texto essa característica de Bentinho é reforçada?

a) ... montado nessa simpatia, uma quinzena adiante,...
b) ... consumia as vistas no rasto das preás.
c) ...no rodapé do arvoredo mais galhoso...
d) ...onçona de três metros de barriga por quatro de raiva.
e) Até que resolveu caçar bicho de maior escama.

15) “...largou a espingarda para subir de lagartixa pelo primeiro pé de pau que encontrou na alça de mira”

Que sentimento melhor traduz esse excerto?


a) inquietação
b) apreensão
c) incerteza
d) ansiedade
e) apavoramento

16) Que forma geométrica melhor expressa o ciclo do texto: caçada de preás, caçada de onça, volta à caça de preás ?

 


a)    



 

 


b)  

 

  

 c)    

 

 

 

 d)




              

 

e)     


 

 

17)” uma figa de guiné de sociedade com fumo de rolo e pó de unha de tatu”. O vocábulo sociedade , no contexto textual, tem valor:

a) restritivo

b) integrativo
c) supressivo
d) destoante
e) confrontativo

18) Ordene a  sequência verbal abaixo que sintetiza a história , de acordo com os acontecimentos.

 adentrar  – aparecer –  decidir – deparar – encomendar – fugir -  preparar - voltar

 

 19) ”E montado nessa simpatia, uma quinzena adiante, o aprendiz de botica entrava no mato.”  Reescrevendo o fragmento, o item que mantém a coerência  é:


a) O aprendiz de botica , crendo nessa simpatia entrava numa quinzena no mato.
b) O aprendiz de botica entrava no mato, embora acreditando nessa simpatia, mais uma quinzena .
c) O aprendiz de botica entrava no mato, após uma quinzena, crendo nessa simpatia.
d) O aprendiz de botica entrava no mato, se cresse nesse simpatia e na quinzena seguinte.
e) O aprendiz de botica, mas na quinzena seguinte, montando na simpatia, entrava no mato.

20) Cite as diversas formas como Bentinho é nomeado no texto.


21) O emprego do elemento sublinhado compromete a coerência da frase:

a) O curandeiro fazia todo e qualquer tipo de simpatia, mesmo as impossíveis, desde que recebesse algum pagamento.
b) Mal avistou a onçona, Bentinho tratou de subir na primeira árvore à sua frente.
c) O aprendiz de botica pediu ao curandeiro uma simpatia poderosa a fim de que caçasse animais de grande porte.
d) Bentinho Alves voltará a caçar preás tão logo consiga se livrar da onça.
e) Bentinho trabalhava numa farmácia, à medida que caçava preás no fim de semana.

 

                                                                                                       Referência: Infante,Ulisses “Do texto ao texto”,

GABARITO

1) A

2) C

3) D

4) B

5) B

6) E

7) A

8) B

9) D

10) E

11) B

12) C

13) A

14) D

15) E

16) C

17) B

18) decidir - aparecer- encomendar – preparar - adentrar - deparar- fugir - voltar

19) C

20) modesto caçador de preás, pilulador de farmácia, aprendiz de botica, aprendiz de farmácia.

21) E


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