AS CATEDRAIS DO CONSUMO Carlos Eduardo Novaes

 

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            É difícil fugir ao irresistível apelo dos supermercados. É nele que o homem satisfaz a todas as necessidades de consumidor. A primeira intenção de quem entra num supermercado é comprar tudo. Um conhecido meu, consumidor consagrado, já confessou que seu maior desejo é poder se atirar sobre as prateleiras, abrir pacotes, latas e caixas de biscoitos, queijo, compotas, doces e ficar ali esparramado,
comendo até sair pelos ouvidos.
            Os proprietários têm consciência dessa compulsão e arrumam suas mercadorias de forma a poder deixar o consumidor como eles, proprietários, quando chegaram ao Brasil, ou seja, de tanga. Curiosamente, a alimentação deixou de ser uma simples necessidade para tornar-se um complicado sistema de “marketing” e pesquisa. Hoje, a gente nem sempre compra o que quer. Compra-se o que eles querem vender. Vocês sabem, por exemplo, por que o açúcar é colocado no fundo dos supermercados? Porque o açúcar é um artigo comum a todos, e ficando no fundo obriga o consumidor a passar por várias outras seções antes de encontrá-lo. E nessa passagem pode comprar mais alguma coisa. Para 
escapar a esse risco, há uma solução: entrar pela porta dos fundos.
            A colocação dos artigos nas prateleiras é matematicamente calculada. Os que têm saída certa ficam embaixo. Os de venda difícil são colocados à altura dos olhos. Dos olhos e principalmente das mãos. E há ainda as embalagens, feitas de forma a atrair o consumidor. Tem muita gente que só 
compra pela embalagem, tem gente que ainda faz pior. Só come a embalagem.
            As últimas pesquisas demonstram que os homens já estão se equiparando às mulheres na frequência aos supermercados. Revelam ainda que eles vêm mostrando um talento incrível para donas-de-casa. Os homens são os melhores fregueses nas chamadas compras de impulso - termo que surgiu com o supermercado - que são aquelas que não se coloca na lista. Você chega lá, olha para a mercadoria, verifica quanto tem no bolso e depois se justifica: “Vou comprar só desta vez para experimentar”. As pesquisas assinalam ainda que nas compras o impulso ocorre da classe média para cima. Abaixo da classe média, diminui sensivelmente. Até mesmo porque, se houvesse impulso, não haveria dinheiro.

             

1) Na satisfação de suas necessidades, o consumidor consagrado se guia por:

a) criteriosa seleção.
b) irrefreável compulsão.
c) suficiente autocontrole.
d) incrível senso de medida.
e) eficaz autoconscientização.

 

2)  A arrumação dos produtos nos supermercados:

a) obedece a princípios de estética.
b) procura influenciar psicologicamente o consumidor.
c) facilita enormemente a compra dos artigos indispensáveis à sobrevivência.
d) estabelece prioridades, colocando à vista os produtos mais necessários.
e) evita canseiras inúteis, pois o que o consumidor planejou está logo ao alcance das mãos.

 

3) “E tem gente que faz ainda pior. Só come embalagem.” Quer dizer:


a) O preço varia de acordo com a embalagem.
b) Hoje em dia até a embalagem é comestível.
c) A qualidade da embalagem garante a excelência do produto.
d) As embalagens, propositalmente, são feitas de material reciclável.
e) O estímulo visual age mais fortemente que a razão.

 

4) “Só come a embalagem.” A expressão popular que também traduz essa ideia:


a) Comer com os olhos.
b) Comer o pão que o diabo amassou.
c) Comer gato por lebre.
d) Comer com as pontas dos dedos.
e) Fazer das tripas coração.

 

5) “Vou comprar só desta vez para experimentar.” De acordo com o texto, quem faz tal afirmativa revela:


a) senso de oportunidade.
b) espírito de competição.
c) critério na escolha.
d) necessidade de autojustificação.
e) preocupação com a poupança.

 

6) Para que o homem se torne um consumidor consagrado, é necessária a conjugação de, pelo menos, dois fatores, a saber:


a) impulso e dinheiro.
b) lista e mercadoria.
c) talento e pesquisa.
d) sensibilidade e experiência.
e) curiosidade e tempo.

 

7) “Até mesmo porque, se houvesse impulso, não haveria dinheiro.” A afirmativa final do texto refere-se :


a) ao supermercado.
b) aos homens consumidores consagrados.
c) à classe média.
d) à classe baixa.
e) às mulheres.

 

8) “Os de venda difícil são colocados à altura dos olhos.” A supressão do termo artigos citado na afirmativa anterior configura uma:


a) ironia.
b) silepse.
c) elipse.
d) hipérbole.
e) antítese.

 

9) Em “Porque o açúcar é um artigo comum a todos...” O termo sublinhado é um fator de coesão que estabelece, entre os elementos linguísticos do texto, relação de sentido de:


a) localização temporal.
b) explicação ou justificativa.
c) adição de argumentos.
d) oposição ou contraste.
e) exposição de pressuposto.

 

10) No texto, a tese defendida pelo autor é:


a) a febre de consumo desencadeada pela necessidade de se consumir alimentos.
b) a necessidade imperiosa de se consumir gêneros alimentícios.
c) a manipulação do consumidor por meio de estratégias de marketing dos supermercados
d) a elevação do consumo masculino, nos supermercados, por impulso.
e) a habilidade com que os supermercados atraem a classe média para o consumismo.

 

11) A expressão Catedrais do Consumo é mais bem definida em:


a) locais onde o apelo ao consumo é irresistível.
b) templos em que se desenvolve estratégias de marketing.
c) estabelecimentos comerciais que supervalorizam a mercadoria.
d) espaços que comercializam mercadorias que rapidamente se tornam obsoletas.
e) supermercados que incentivam o consumo de gêneros descartáveis.

 

12) “Compra-se o que eles querem vender”. Mantendo o sentido que a afirmação tem no texto, obtém-se:


a) Aquilo que é vendido foi antes comprado.
b) O consumidor compra aquilo que os supermercados desejam vender.
c) Os supermercados só vendem o que querem.
d) tudo o que é vendido tem que ser comprado.
e) Só se compra aquilo que é posto à venda.

 

13) “O problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem de maneira alienada”.  O excerto do texto que confirma essa citação é:


a) As últimas pesquisas demonstram que os homens já estão se equiparando às mulheres na frequência aos supermercados.
b) A colocação dos artigos nas prateleiras é matematicamente calculada.
c) A primeira intenção de quem entra num supermercado é comprar tudo.
d) É difícil fugir ao irresistível apelo dos supermercados.
e) Curiosamente, a alimentação deixou de ser uma simples necessidade para tornar-se um complicado sistema de “marketing” e pesquisa.

 

14) “... e ficando no fundo obriga o consumidor a passar por várias outras seções antes de encontrá-lo.”.  Assinale o item que substitui o pronome em destaque, conforme as regras gramaticais.


a) ao açúcar.
b) o açúcar.
c) lhe.
d) a ele.
e) nele.

 

15) “Os proprietários têm consciência dessa compulsão e arrumam suas mercadorias de forma a poder deixar o consumidor como eles, proprietários, quando chegaram ao Brasil, ou seja, de tanga.” Em relação a esse excerto, é possível inferir que:


a) donos de supermercados são estrangeiros.
b) os donos de supermercado usam roupas excêntricas.
c) as mercadorias, nos supermercados, são organizadas minuciosamente.
d) proprietários de supermercado desconsideram a compulsão por compras.
e) os supermercados vendem produtos inusitados, como tangas, para esse tipo de comércio.

 

16) “Os proprietários têm consciência dessa compulsão e arrumam suas mercadorias de forma a poder deixar o consumidor como eles, proprietários, quando chegaram ao Brasil, ou seja, de tanga.” A conjunção em destaque tem valor:


a) modal.
b) consecutivo.
c) temporal.
d) explicativo.
e) causal.

 

17) “E ainda as embalagens...” A substituição adequada do verbo haver, mantendo a correção gramatical é:


a) E existe ainda as embalagens.
b) E têm ainda as embalagens.
c) E tinham ainda as embalagens.
d) E existem ainda as embalagens.
e) E ocorre ainda as embalagens.

 

18) “Até mesmo porque, se houvesse impulso, não haveria dinheiro.” A conjunção que substitui adequadamente a destacada e mantém a coerência textual é:


a) mesmo que.
b) caso.
c) embora.
d) conquanto.
e) se bem que.

 


REFERÊNCIA: Leite, Augusto;Nunes,Amaro;Erman, Rosa – Comunicação Interpretação 5

 

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