NÃO SOMOS FIGURINHAS! Claudia Werneck

         

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 Uma menina muito ressabiada. Era como se tivesse medo de gente. Família, padrinhos, vizinhos e professores não conseguiam entender o que a impedia de viver em paz com seus iguais.
          “Mas o problema é justamente esse”, gesticulava ela, amaciando com seus dedinhos o pelo macio de seu gato magro, branco e preto – o Bandidão. “Não somos iguais, não somos iguais, é tudo mentira. Eu olho para a Pati, o Ivan, o Ademir, a Tatá e só vejo diferenças.”
        Os adultos se entreolhavam desanimados e pediam mais explicações. “Como diferentes, minha filha? Somos seres humanos, gente igual a você, iguais entre nós: duas pernas, dois bracinhos, dois olhos, uma língua, um cérebro, dez dedos na mão, dez no pé...”
        Bandidão não estava nem aí para aquela conversa sempre tão óbvia. Entediado, deu um pinote, abandonando o colo de sua dona. Mas, ainda no ar, enquanto preparava suas patas para uma aterrissagem em segurança, ouviu sair dos lábios dela, também como um pinote, algo que a garota nunca havia dito: “E quem não tem duas pernas? Ou não escuta? Ou tem dois olhos, mas um é de vidro? Ou é muito feio? Aí não é gente? Para ser gente não basta nascer? E os bebês, não são diferentes? Por que vocês insistem em me convencer de que somos iguais? Gente não é como figurinha, que nós arrumamos em fila, deixando de lado as amassadas e as rasgadas para decidir o que fazer com elas depois”.
       Bandidão estava emocionado. Entendera tudo, ora pois. A menina não tinha medo de gente. Acuada, sofria por outras razões. Faltava-lhe era coragem para discordar do pensamento dos adultos.
        Confiante por ter conseguido, enfim, explicar sua angústia para os pais, ela experimentou uma sensação nova: sentiu pressa, muita pressa de ir para a escola. Pela primeira vez, sentia prazer em ser gente. Dedicou um último olhar de amor para Bandidão e seguiu pela rua. 



(EF69LP44)1) Ao afirmar “Não somos iguais, não somos iguais, é tudo mentira.”, a menina quis dizer destacar: 

a) a individualidade de cada um. 
b) a padronização do ser humano. 
c) a impulsividade das atitudes humanas. 
d) a competitividade entre os seres humanos. 
e) a capacidade do ser humano em modificar-se.

   

  (EF67LP04) 2) “Gente não é como figurinha...” Esse excerto revela : 

a) um fato. 
b) uma notícia. 
c) uma opinião. 
d) uma ressalva. 
e) uma conjuntura.

   

 (EF08LP16) 3) Em “Confiante por ter conseguido, enfim, explicar sua angústia para os pais, ela experimentou uma sensação nova”, o advérbio enfim reforça a ideia de que: 

a) a menina tinha ideias inconcebíveis. 
b) as ideias da menina geravam dúvidas em todos. 
c) há muito tempo a menina tentava expor seus motivos. 
d) a menina tinha um modo de se expressar que não era compreendido. 
e) a maneira como a menina expunha suas ideias eram refutadas por todos.

   

  (EF89LP29) 4) Em “Faltava-lhe era coragem para discordar do pensamento dos adultos”. O pronome lhe refere-se: 

a) às razões 
b) à menina 
c) a Bandidão 
d) aos pais da menina 
e) aos adultos em geral

   

 (EF69LP47) 5) “Bandidão deu pinote.” “As palavras saíram como um pinote.” Em que sentido o verbete em destaque foi empregada nessas duas orações 

a) Conotativo em ambas. 
b) Denotativo em ambas. 
c) Conotativo e denotativo respectivamente. 
d) Denotativo e conotativo respectivamente. 
e) São verbetes homônimos.

   

 (EF07LP12) 6) “Uma menina muito ressabiada” A palavra que pode substituir o verbete destacado sem alteração do sentido no texto é: 

a) magoada 
b) ressentida 
c) desgostosa 
d) melindrada 
e) desconfiada

   

( EF69LP44) 7) Assinale o item que reitera a afirmação da menina “Gente não é como figurinha, que nós arrumamos em fila, deixando de lado as amassadas e as rasgadas para decidir o que fazer com elas depois”. 

a) Ensinar a todos da mesma forma garante a inclusão escolar.
b) A diversidade desfavorece o processo ensino aprendizagem. 
c) A diversidade é uma questão específica da aprendizagem escolar. 
d) Com a inclusão social, a visão de mundo das crianças fica reduzida. 
e) A diversidade deve ser reconhecida para que haja uma efetiva convivência social.

   

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