FELICIDADE Roseana Murray

 

 


 

             Toda história de amor tem beijos, corações entrelaçados, palpitações. Às vezes, a história dá certo: um homem e uma mulher colam sua vida uma na outra. Cada um traz a própria história: seus retratos, suas lembranças, sua infância, seus pensamentos. No dia do casamento. o futuro é como um planeta desconhecido, uma gaveta imensa de onde sairão filhos e filhas, ilhas de sonhos e felicidade. Na casa em que vão morar tudo é novidade. O jeito que cada um faz as coisas, o jeito que cada um arruma e desarruma as flores e os armários. Tem dias que tudo é fácil, em outros é tempestade. Palavras são 
perigosas pelo tanto que possuem de mel e de veneno.
             E a vida vai seguindo o seu curso, de segunda a domingo, como as águas de um rio. Um dia chega o primeiro bebê trazendo consigo o mistério do universo. A casa se agita, enche-se de fraldas, novos cheiros, choros, noites maldormidas, no silêncio da madrugada, com o filho aconchegado no peito, a mãe sonha mil e uma aventuras para seu filho. No mundo emaranhado dos sonhos, o pai desenha o mapa do futuro para seu filho. Alguns anos se passam. A vida é um novelo. Agora é outro filho, sentimentos confusos passeiam pela casa. O irmão, que já é um pouco grande, olha para o irmão com terror e paixão.  Quem é esse que chega não se sabe de onde para tirar o seu lugar? Irmão é palavra imensa. É mão na mão, mesmo que às vezes se arranhem, rolem pelo chão com raiva. Irmão é a certeza de um amor companheiro nos dias complicados. É um aliado para tocar o barco da vida.
           Tem pai e mãe que ficam juntos a vida inteira, até bem velhinhos, sem nunca separar. Mas, às vezes, o novelo se rompe e o pai e a mãe decidem seguir cada um o seu próprio caminho. Mesmo 
que seja difícil, para que um não destrua o outro é melhor se separar. A casa se divide em duas. No
começo não há sol nem há luar. No coração dos filhos, o temporal demora a passar.
           Felicidade é frágil borboleta, mas sempre se recompõe. Semente mágica em novo casulo. Uma outra vida começa e, como tudo na vida, com coisas boas e más. A namorada do pai, o namorado da mãe, os filhos dos outros casamentos que a gente olha enviesadamente como um navio de bandeira inimiga até a desconfiança passar. Seja qual for o caso da sua casa, tire do casulo mágico a borboleta Felicidade, porque felicidade é sempre palavra azul, mar, montanha, vento, e a gente é quem escolhe se vai ou não vai usar.


1) De acordo com o texto, a felicidade é:

a) uma dádiva
b) uma escolha
c) algo inatingível
d) um novelo
e) uma carência


2) A afirmação  “... o temporal demora a passar”

a) sintetiza os sentimentos dos filhos ante a separação dos pais.

b) simboliza o futuro da família.
c) concretiza a afirmação “irmão é palavra imensa”,
d) confirma o estado de espírito que paira sobre todos da família.
e) envolve uma situação insolúvel.


3) Além da felicidade, o texto também aborda o tema:

a) amor

b) família
c) vida
d) irmãos
e) pais


4) Em “Cada um traz a própria história: seus retratos, suas lembranças, sua infância, seus pensamentos.”, os termos citados após os dois pontos indicam:

a) finalização
b) explicação
c) observação
d) enumeração
e) exemplo


 5) O excerto  “Mesmo que seja difícil, para que um não destrua o outro é melhor se separar” expressa:

a) um fato

b) uma contestação
c) uma revelação
d) um princípio
e) uma opinião


6) Em “...a gente é quem escolhe se vai ou não vai usar.”, o eu lírico refere-se à (ao):

a) vida

b) borboleta
c) felicidade
d) novelo
e) vento



7) Assinale a alternativa que explica a comparação entre vida e novelo.

a) Um novelo vai se desenrolando da mesma forma que a vida vai acontecendo.

b) O novelo é comprido, assim como a vida é longa.
c) A vida é um fio, assim como um novelo.
d) Um fio só é novelo quando é tecido. Uma vida só é vivida quando é desenrolada.
e) Novelo é comparado a vida por ser extenso e representar a longevidade.


8) “Palavras são perigosas pelo tanto que possuem de mel e de veneno.” Nesse excerto, ocorre:

a) gradação

b) oposição
c) repetição
d) personificação
e) polissemia


 

9) Assinale o item que resume a seguinte passagem do texto: “Quem é esse que chega não se sabe de onde para tirar o seu lugar?”

a) ciúmes

b) antipatia
c) surpresa
d) desorientação
e) impaciência


 10) Ao afirmar que “... a gente é quem escolhe se vai ou não vai usar”, a poetisa  apresenta seu ponto de vista de que a felicidade é:

a) um enigma

b) um conceito
c) uma opção 
d) uma ilusão
e) uma intermitência


 

11) O texto contém diversas comparações, implícitas e explícitas. Observe algumas:

I- ...o futuro é como um planeta desconhecido

II-  E a vida vai seguindo o seu curso, de segunda a domingo, como as águas de um rio.

III-  A vida é um novelo.

IV- Felicidade é frágil borboleta

V - ...tocar o barco da vida.

 

Ocorre comparação implícita em:

a) I, III e V

b) I, II e IV
c) II, III e V
d) III, IV e V
e) I, II e IV



12) A linguagem predominante no texto é:



a) denotativa
b) argumentativa
c) coloquial
d) jornalística
e) conotativa

 

 13)  O excerto  É um aliado para tocar o barco da vida.” refere-se ao:

a) amor.

b) irmão.
c) pai.
d) novelo que é a vida.
e) futuro.


 

14) “Felicidade é frágil borboleta, mas sempre se recompõe.” Reescrevendo o fragmento, o item que mantém a coerência é:

a) Felicidade sempre se recompõe, mesmo sendo frágil borboleta.

b) Ao se recompor, a felicidade vira frágil borboleta.
c) Felicidade é borboleta frágil quando se recompõe
d) Assim que se torna frágil borboleta, a felicidade se recompõe.
e) Felicidade é frágil borboleta portanto se recompõe.


 

 

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