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Mostrando postagens de junho, 2022

ANTÔNIO Bartolomeu Campos de Queirós

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    A coqueluche passou. Antônio já não tossia nem passeava pelas manhãs, no curral. Continuava, sim, protegido por camisas e flanelas estampadas de azul, com ingênuos raminhos de flores e caras de palhaços.                      Mas de repente, ele apareceu com febre muito alta, sempre medida pelas costas das mãos colocadas sobre sua testa. Ajudada pelas vizinhas, a mãe mergulhava o menino, seguidamente, em bacia com água bem esperta, embrulhando-o em grossos cobertores, para baixar a febre. Ninguém sabia a causa, então suspeitava de tudo. A tristeza passou a rondar a casa e se mostrava até no olhar dos irmãos. O pai ficava por ali, no quintal, para alguma emergência, sem trabalhar no campo.   Depois de uns três dias, o menino já muito prostrado, tudo clareou. Antônio magro, pernas e braços finos, como por encanto virou um galho de jabuticabeira, só que coberto de catapora das pequenas, por todo o corpo. Os outros, sem poder chegar perto, espiavam de longe o irmão impaciente co

Calvin II

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TEXTO I                                                                                 (Bill Waterson, Calvin e Haroldo. Em: https://cultura.estadao.com.br. Adaptado) 1) A fala de Haroldo, o tigre,  ao ver os ovos quebrados, pode ser interpretada, no sentido conotativo, como: a) situações fogem ao controle. b) falta de persistência . c) imprevisibilidade. d) ausência de coordenação motora. e) instabilidade emocional. A GABARITO 2) Ao afirmar que é importante ter persistência, Calvin, o garoto, reforça a ideia de que: a) a vida é uma metáfora. b) a bagunça na vida é causada pela falta de perseverança. c) a comparação da vida com ovos representa a fragilidade humana. d) cada aspecto da vida deve ser celebrado. e) não se deve desistir diante das adversidades da vida. E GABARITO 3) Da leitura da tirinha, é possível inferir que Calvin: a) reluta em aceitar que, às vezes, as situações fogem ao controle. b) questiona a necessidade de se ter equilíbrio ante as dificuldades da

QUEM TEM MEDO DE DIZER NÃO? Ruth Rocha

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                                                                                         http://visaocidade.com.br/   A gente vive aprendendo a ser bonzinho, legal, a dizer sim pra tudo, a ser sempre cordial...   A concordar, a ceder a não causar confusão, a ser vaca de presépio que não sabe dizer não!   Acontece todo dia, pois eu mesma não escapo, de tanto ser boazinha, tô sempre engolindo sapo...   Como coisas que não gosto, faço coisas que não quero... desse jeito, minha gente, qualquer dia eu desespero... Eu não sei recusar, quando me pedem um favor. Eu sei que não vou dar conta, mas dizer não é um horror!   A gente sempre demora a entender esta questão. Às vezes, custa um bocado dizer simplesmente não!   Mas depois que você disse você fica aliviado. e o outro que lhe pediu é que fica atrapalhado...   Quero dizer não, acho que é bom para mim. Mas não quero ser do contra... Também quero dizer si

NO RESTAURANTE Carlos Drummond de Andrade

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https://www.gratispng.com/ — Quero lasanha. Aquele anteprojeto de mulher — quatro anos, no máximo, desabrochando na ultraminissaia — entrou decidido no restaurante. Não precisava de menu, não precisava de mesa, não precisava de nada. Sabia perfeitamente o que queria. Queria lasanha. O pai, que mal acabara de estacionar o carro em uma vaga de milagre, apareceu para dirigir a operação-jantar, que é, ou era, da competência dos senhores pais. — Meu bem, venha cá. — Quero lasanha. — Escute aqui, querida. Primeiro, escolhe-se a mesa. — Não, já escolhi. Lasanha. Que parada — lia-se na cara do pai. Relutante, a garotinha condescendeu em sentar-se primeiro, e depois encomendar o prato: — Vou querer lasanha. — Filhinha, por que não pedimos camarão? Você gosta tanto de camarão. — Gosto, mas quero lasanha. — Eu sei, eu sei que você adora camarão. A gente pede uma fritada bem bacana de camarão. Tá? — Quero lasanha, papai. Não quero camarão. — Vamos fazer uma coisa. Depois do camarão a