Postagens

Mostrando postagens de abril, 2022

CASO SURREAL Ana Maria de Nigris

Imagem
                                               https://www.puc-campinas.edu.br/             Meu filho caçula, Guilherme (que só chamo de Guigo) protagonizou um momento extremamente curioso ao meu lado, que relato agora.           Desde pequeno, o Guigo mostrava algumas fixações por figuras ou coisas! Amava trens! Fazia escândalos quando passávamos perto de um. E tinha um herói, que não era um ferroviário, mas um grande nome, quiçá o maior nome da aviação: isso mesmo, Santos Dumont! Sabia tudo da vida dele, era uma paixão imensa! Eu tinha de comprar todos os livros que falassem do grande pai da aviação.           Pois bem: um belo dia, estando o Guigo já adulto e quase formado em Design, fomos resolver algumas pendências burocráticas bancárias e eis que havíamos dado falta de uma xerox de conta de luz. Imediatamente, fomos a uma copiadora no bairro onde estávamos, a Vila Santa Cecília, já contando com a demora em fazer a tal cópia. Engano nosso, a copiadora estava vazia, ou quas

DISPARADA Geraldo Vandré e Théo de Barros

Imagem
                                                                                  www.youtube.com Prepare o seu coração Pras coisas que eu vou contar Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão Eu venho lá do sertão E posso não lhe agradar Aprendi a dizer não Ver a morte sem chorar E a morte, o destino, tudo E a morte, o destino, tudo Estava fora do lugar E eu vivo pra consertar Na boiada já fui boi, mas um dia me montei Não por um motivo meu Ou de quem comigo houvesse Que qualquer querer tivesse Porém por necessidade Do dono de uma boiada Cujo vaqueiro morreu Boiadeiro muito tempo Laço firme, braço forte Muito gado e muita gente Pela vida segurei Seguia como num sonho Que boiadeiro, era um rei Mas o mundo foi rodando Nas patas do meu cavalo E nos sonhos que fui sonhando As visões se clareando As visões se clareando Até que um dia acordei Então não pude seguir Valente lugar-tenente De dono de gado e gente Porque gado a gente marca Tange,

Onda que, enrolada, tornas Fernando Pessoa

Imagem
                                               http://poesiasemusicasinfantis.blogspot.com/ Onda que, enrolada, tornas, Pequena, ao mar que te trouxe E ao recuar te transtornas Como se o mar nada fosse, Por que é que levas contigo Só a tua cessação, E, ao voltar ao mar antigo, Não levas meu coração? Há tanto tempo que o tenho Que me pesa de o sentir. Leva-o no som sem tamanho Com que te oiço fugir! oiço: o mesmo que ouço 1) Na última estrofe, o eu lírico refere-se: a) ao mar b) à onda enrolada c) ao seu coração d) ao som do mar e) à onda que se desmancha C GABARITO 2) Dos versos “E ao recuar te transtornas/Como se o mar nada fosse”, infere-se que: a) o forte movimento que a onda faz sobre si mesma. b) ao se desfazer, a onda mistura-se ao mar. c) a onda recua para o mar ao se aproximar da praia. d) a onda não se desfaz na areia, nem na pedra, ela retorna ao mar. e) a onda torna ao mar ignorando o apelo do eu lírico. B GABARITO 3) Que pedido é feito pelo  

O anel de vidro Manuel Bandeira

Imagem
                                                                                        https://lituraterre.com/2013/11/10   Aquele pequenino anel que tu me deste, – Ai de mim – era vidro e logo se quebrou… Assim também o eterno amor que prometeste, - Eterno! era bem pouco e cedo se acabou. Frágil penhor que foi do amor que me tiveste, Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, – Aquele pequenino anel que tu me deste, – Ai de mim – era vidro e logo se quebrou… Não me turbou, porém, o despeito que investe Gritando maldições contra aquilo que amou. De ti conservo no peito a saudade celeste… Como também guardei o pó que me ficou Daquele pequenino anel que tu me deste…     1) O poema de Bandeira parafraseia uma conhecida cantiga de roda, que é: a) Atirei o pau no gato b) Capelinha de Melão c) Ciranda Cirandinha d) O cravo e a Rosa e) Se essa rua fosse minha C GABARITO 2) Em “ Aquele pequenino anel que tu me deste”, o vocábulo anel simboliza: a)

Os urubus e os sabiás Rubem Alves

Imagem
    https://resistencialsd.files.wordpress.com/                           Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles haveriam de se tornar grandes cantores.                     E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas e fizeram competições entre si, para ver quais daqueles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros.             Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamavam por Vossa Excelência.             Tudo ia muito bem até que a doce tranquilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas que brincavam com os canários e faziam ser