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Mostrando postagens de agosto, 2021

O ÚLTIMO COMPUTADOR Luís Fernando Veríssimo

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            Um dia, todos os computadores do mundo estarão ligados num único e definitivo sistema, e o centro do sistema será na cidade de Duluth, nos Estados Unidos. Toda a memória e toda a informação da humanidade estarão no Último Computador. As pessoas não precisarão mais ter relógios individuais, calculadoras portáteis, livros etc. Tudo o que quiserem fazer – compras, contas, reservas – e tudo o que desejarem saber estará ao alcance de um dedo. Todos os lares do mundo terão terminais do Último Computador. Haverá telas e botões do Último Computador em todos os lugares frequentados pelo homem, desde o mictório até o espaço. E um dia, um garoto perguntará a seu pai:         – Pai, quanto é dois mais dois?         – Não pergunte a mim, pergunte a Ele.         O garoto apertará o botão e, num milésimo de segundo, a resposta aparecerá na tela mais próxima. E, então, o garoto perguntará:         – Como é que eu sei que isso está certo?         – Ora, Ele nunca erra.         – Mas se dest

O ANJO DA NOITE Cecília Meireles

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                                                                                                                                 https://br.depositphotos.com/stock-photos             Às dez e meia, o guarda-noturno entra de serviço. Late o cãozinho do portão no primeiro plano; ladra o cão maior do quintal, no segundo plano: de plano em plano, até a floresta, grandes e pequenos cães rosnam, ganem , uivam, na densa escuridão da noite, todos sobressaltados pelo trilar do apito do guarda-noturno .Pelo mesmo motivo, faz-se um hiato no jardim, entre os insetos que ciciavam e sussurravam nas frondes: que novo bicho é esse, que começa a cantar com uma voz que eles julgam conhecer, que se parece com a sua, mas que se eleva, com uma força gigantesca?             Passo a passo, o guarda-noturno vai subindo a rua. Já não apita: vai caminhando descansadamente, como quem passeia, como quem pensa, como um poeta numa alameda silenciosa, sob árvores em flor. Assim vai andando o guarda-noturno. Se a

LUZ DO SOL Caetano Veloso e A FOTOSSÍNTESE José Luiz Soares

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                                                                                    youtube.com                                                                                                 TEXTO I LUZ DO SOL                                                                                       Caetano Veloso Luz do sol, Que a folha traga e traduz Em verde novo, em folha, em graça, Em vida, em força e em luz. Céu azul, Que vem até onde os pés tocam a terra E a terra expira e exala seus azuis. Reza, reza o rio, Córrego pro rio, O rio pro mar. Reza a correnteza, Roça a beira, Doura a areia. Marcha o homem sobre o chão, Leva no coração uma ferida acesa. Dono do sim e do não Diante da visão da infinita beleza Finda por ferir com a mão essa delicadeza, A coisa mais querida: A glória da vida.                                                                                       TEXTO II   A FOTOSSÍNTESE                     Naturalmente, você já ouviu falar que a célula obtém en

A MOÇA TECELÃ Marina Colasanti

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                                                                                                                https://www.ateliegestandoarte.com.br/artes-manuais-com-fios   Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear. Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte. Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava. Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela. Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a

AS ROSAS NÃO FALAM Cartola

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                                           youtube.com Bate outra vez Com esperanças o meu coração Pois já vai terminando o verão Enfim Volto ao jardim Com a certeza que devo chorar Pois bem sei que não queres voltar Para mim Queixo-me às rosas Que bobagem as rosas não falam Simplesmente as rosas exalam O perfume que roubam de ti, ai Devias vir Para ver os meus olhos tristonhos E, quem sabe, sonhavas meus sonhos Por fim Bate outra vez Com esperanças o meu coração Pois já vai terminando o verão Enfim Volto ao jardim Com a certeza que devo chorar Pois bem sei que não queres voltar Para mim Queixo-me às rosas Que bobagem as não falam Simplesmente as rosas exalam O perfume que roubam de ti, ai                                        Cartola Fonte:  LyricFind   1) Na 1ª estrofe, a conjunção pois tem sentido de: a) causa b) explicação c) consequência d) tempo e) finalidade 2) ” Bate outra vez/Com esperanças o meu coração” . A que vocábulo  o verbo  bate